sexta-feira, 6 de maio de 2011

Meu livro, minha obrigação, minha descoberta

    Um livro de capa amarela, minha obrigação de escola, um livro de crônicas que me acompanhou em minhas viagens de trem.
    Se você não sabe o que é crônica, eu te explico: é um gênero literário que brinca e filosofa sobre as coisas do dia a dia, um gênero que não aparenta ter nenhuma importância e você só irá descobrir seus encantos ao viajar por suas linhas, é um gênero tímido e impertinente - como eu já disse na minha crônica "Crônica".
    Existem muitos estilos de crônica, como o estilo poético de "O amor acaba" de Paulo Mendes Campos e o estilo debochado e cômico de "Os namorados da filha" de Moacyr Scliar. Eu, obviamente, adoro crônicas engraçadas, afinal é o estilo mais fácil de se gostar, mas também adoro uma crônica mais poética ou filosófica que mexe com as entranhas do meu cérebro.
    Esse livro era, no começo, uma chata obrigação que eu fazia só pra passar de ano, mas ao decorrer da leitura  descobri a maravilha que pode ser uma crônica e, algumas, até mudaram drasticamente minhas viagens no trem, como a "Grande Edgar" com seu humor simples e com uma situação que todos já passaram alguma vez, "Binóculo" com a qual me identifiquei com a curiosidade do personagem principal pela vida dos outros, a "Bar ruim é lindo, bicho" que me lembra dos bares que vou com os amigos comunistas e intelectuais da minha mãe, "Homem ou mulher?" com sua discussão de auto-afirmação de sexo e felicidade e, por último mas não menos importante, a "A descoberta do mundo" que mostra compreensiva, sutil e inocentemente as maiores descobertas e dúvidas da vida.
    Em compensação no livro também tinha crônicas chatas, tais como, "O campeonato dos defuntos" que, embora o título seja um grande convite para a leitura, é um tanto sem graça e meio sem sentido; e "A invenção da laranja" que trata os leitores como bobos e tem um final meio ridículo.
    No fim das contas esse livro me ensinou a diferenciar e escrever tipos e estilos de crônicas diferentes, mas principalmente a ler e me maravilhar com crônicas, que é um gênero que eu tenho uma certa birra desde sempre.

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