quarta-feira, 23 de março de 2011

Crônica


      Não há gênero mais tímido e modesto do que a crônica.
      Ela fica ali, quieta no canto do jornal,mostrando coisas simples e um tando insignificantes em comparação com as grandes notícias e tragédias das outras folhas.
      Mas a crônica tem algo que nenhum outro gênero tem: a sua impertinência. A impertinência de ignorar as grandes coisas e transformar em importantes as coisas que as pessoas normalmente não percebem .
      Seu narrador é um ser tão perto e pensante quanto a pessoa ao seu lado, ao contrário dos narradores de romances, que são deuses longínquos.
      Você pode achar que escrever uma crônica deve ser fácil, eu achava, mas para escrever uma boa crônica é preciso ter um olhar tão tímido, modesto e impertinente quanto a própria crônica, e isso não é nada fácil.

Um comentário:

  1. Interessante o tema da primeira crônica ser a própria - metalinguagem, da boa.
    Aliás, "Impertinente" resumiria bem o texto.
    No geral, muito bom.
    Algun errinhos de digitação, só rever.

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